quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Traficantes acusados pelo assassinato de estudante viviam como 'Marajás' em Goiânia

Marjorie Avelar
Apartamentos de luxo, carros caros e muito dinheiro. Padrão de vida de uma pessoa de classe média-alta. Mas, em vez de trabalho honesto, dois homens mantinham vida de rico graças ao tráfico de drogas. Chefe do grupo, Marcelo Gomes de Aguiar (ou de Oliveira, já que tem duas identidades), 27, morava em um apartamento luxuoso na Rua C-235, no Setor Nova Suíça, e o gerente do “negócio”, Iterley Martins de Sousa, 24, na Rua S-6 com a T-13, Edifício Leblon, no Bela Vista.
Para a Polícia Civil, além de ser um conhecido traficante, Iterley é ainda suspeito do homicídio de Elvislei Máximo da Costa, de 23 anos, o Leley, e das tentativas de homicídio contra Marcos Pereira Costa, 21, e Stefannio Marques da Silva, 19. Ao sair de uma boate do Setor Sul, no dia 7, os três tiveram o carro cravejado por 21 disparos de armas calibre 380 e ponto 40. Na emboscada, Leley morreu, atingido por 11 tiros.
Depois de passar por cirurgia no Hospital de Urgências de Goiânia, Stefannio, o verdadeiro alvo dos bandidos, informou ao delegado Edvaldo Félix do Nascimento, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DEIH), que Iterley seria o autor dos disparos.
Coincidência ou não, a quadrilha gerenciada por Iterley era alvo de investigações, havia dois meses, pela Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc). Na quarta-feira, 22, a delegada Alessandra Batista Dias prendeu em flagrante Marcelo Gomes e seu “gerente”. Sobre a vida luxuosa que levavam, comentou: “Somente a TV de plasma do Marcelo vale dois meses de salário de um delegado”.
A NEGOCIAÇÃO
Quando Marcelo chegou ao Edifício Leblon, Iterley, o “gerente”, já o aguardava na porta onde a negociação foi realizada. Mesmo com a filha de 2 anos, Marcelo levava em seu Gol preto quase 6,5 quilos de pasta-base de cocaína. “A menina foi usada para despistar a polícia”, salientou Alessandra Batista. Com Iterley estavam R$ 21.100 em dinheiro. Quando o pagamento foi feito, a equipe da Denarc os prendeu em flagrante.
Ao subir ao apartamento de Iterley, a delegada surpreendeu Marcelo Blanco de Oliveira, de 31 anos, e Tiago Simões da Silva, 23, apontados como “pequenos traficantes”. “O Blanco e o Simões distribuíam a droga nas bocas-de-fumo”, informou a delegada.
No local também foram encontrados um revólver calibre 38, dois celulares, três aparelhos de radiocomunicação, agendas de movimentação financeira, dois laptops, jóias em ouro, R$ 1.168 em cheques de pessoas diversas, além de outro de R$ 16,3 mil em nome de uma pessoa física. Conforme Alessandra Batista, cada quilo de pasta base de cocaína rende 3 quilos da droga refinada, “se for de boa qualidade”.
OUTRO CRIME
No Ecosport prata de Iterley foi encontrada uma pistola 380 raspada, do mesmo calibre de uma das duas armas que mataram Elvislei da Costa. De acordo com a delegada, o Instituto de Criminalística já solicitou a arma para atestar se é a mesma que matou Leley.
Para a delegada Alessandra Batista, ainda é cedo para afirmar se Iterley é o assassino, já que ele e Stefannio brigavam por ponto de tráfico de drogas. “O Stefannio, com certeza, quer ver o arquiinimigo atrás das grades”, disse.
A delegada afirma ainda que, apesar de apontado como autor do crime, Iterley obedece às ordens de Marcelo Gomes. “O Marcelo manda e o Iterley executa”, garantiu. Na Denarc, os dois negaram conhecer Stefannio Marques, alvo da emboscada no Setor Sul. “Não tive nada com isso”, afirmou o “gerente” ao HOJE. Segundo a delegada, as investigações vão continuar, porque há a possibilidade de a quadrilha ter mais integrantes. Marcelo Gomes, Iterley Martins, Tiago Simões e Marcelo Blanco foram autuados em flagrante por tráfico de drogas e associação para o tráfico.

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