sexta-feira, 4 de maio de 2007

governador reparte responsabilidade da administração com forças que o elegeram!



As principais peças do xadrez do poder já estão em seus lugares

Os ajustes mais contundentes já foram feitos no secretariado do governador Alcides Rodrigues. As mudanças que se seguirem poderão ser meros pormenores. Essa informação foi confirmada pelo governador dias atrás na imprensa goiana. Vejamos a seguir de uma forma detalhada, como ficaram distribuídas as forças políticas no governo, os contemplado e os possíveis descontentes.
São indagações arguciosas que poucos integrantes da base aliada se arriscam a discuti-las abertamente.
Apesar do governador e alguns de seus auxiliares mais próximos tentarem transmitir um clima de definição, o momento ainda é avaliado como delicado. “A atual equipe tem a confiança do dr. Alcides, mas apenas os nomes que ele anunciou como definitivos é que se sentem prestigiados e seguros”, disse um militante do PP.
O primeiro escalão sofrerá poucas mudanças a partir de agora. Um dos responsáveis pelo mapeamento político do Estado confidenciou que o governador não tem intenção de realizar maiores mudanças no perfil da administração após a oficialização das últimas indicações.
Na cerimônia de posse dos novos auxiliares, o governador tomou uma atitude que muitos analisaram como uma sinalização de prestígio para o restante da equipe. Sem improvisar, ele leu um breve agradecimento a todos os seus secretários, citando o nome de cada um deles. O fato de não ter citado os nomes de presidentes de agências e outras autarquias também foi visto como um sinal, já que o comentário geral nos bastidores é de que as maiores divergências para novas indicações residem justamente nessas instâncias.
Alguns apostam no clima de resolução, deixando ainda uma astuciosa fresta em seu pronunciamento. Os analistas dizem que pequenos ajustes poderiam acontecer, porém, sem previsão. De fato, durante os últimos dias, alguns destes ajustes ocorreram, tornando-se cada vez mais “prováveis”. Cite-se entre elas, a criação, de uma possível Secretaria de Comunicação, para que o deputado Federal Sandes Júnior possa assumi-la, para não perder o mandato caso assumisse a Agecom.
Mesmo com essas indefinições localizadas, já é possível desenhar a disposição das peças no tabuleiro do poder do governo Alcides Rodrigues. PP e PSDB são os partidos preponderantes na administração. O PR, partido do vice-governador Ademir Menezes, e o PTB também apresentam boa representatividade no governo, tanto com cargos diretos, quanto com benefícios advindos da configuração política nacional. Em menor força, ainda fazem parte do primeiro escalão outras legendas, como PPS e PSB, que apoiaram Alcides no primeiro e no segundo turno da eleição. Parece que, aos poucos, o governador vai montando o intricado tabuleiro político de sua administração.
Algumas peças ainda estão de fora e para vislumbrá-las é preciso entrar no plano de detalhe e entender o que representa cada liderança no interior dos partidos, sua afinidade com o governador e o grupo que as cerca, bem como sua representatividade individual, seja pela questão regional ou pela militância em entidades de classe, isto além do principal critério - o prestígio aferido pelas urnas. Nenhuma escolha do primeiro escalão ocorre sem passar por esse crivo.
Por enquanto, o maior quinhão do secretariado é da chamada “cota pessoal” do governador, que embora seja do PP, não vincula a questão partidária a muitas de suas escolhas, de caráter técnico.
Embora Alcides prestigiasse seu partido, com as indicações de Ernesto Roller, Leonardo Veloso e Pedro Canedo, comenta-se nos bastidores, que o governador precisaria arrumar espaço no primeiro escalão para outros progressistas que também poderiam configurar como de sua cota pessoal: Nerivaldo Costa, Carlos Silva, Sérgio Caiado e Sandoval Moreira, os nomes mais citados. Outra indicação pessoal seria de Francisco Gedda, que é do DEM (ex PFL).
Com a indicação de Ernesto Roller para a Secretaria de Segurança Pública, grupos regionais da base foram contemplados pelo governador - do prefeito de Formosa, Sebastião Caroço e do ex-prefeito de Caldas Novas, Evandro Magal, que tomou posse na Assembléia Legislativa, na vaga de Roller. Entre os remanescentes no primeiro escalão, o PP tem ainda as figuras dos presidentes da Agência de Habitação, Álvaro César Lourenço, e da Agência de Defesa Sanitária, Maurício Faria.
Quanto ao PSDB, é necessário fazer algumas considerações estruturais sobre o perfil do primeiro escalão. O peso eleitoral do senador Marconi Perillo na vitória de Alcides é incomensurável. Até os mais arraigados alcidistas concordam que o ex-governador foi o principal cabo eleitoral de Alcides. Por isso, é natural que o atual mapa político do governo tenha tantas heranças da administração de Marconi. É um vínculo que passa também pelo fato de Alcides ter sido o vice nas duas administrações do atual senador e, como é óbvio, conhece todos os auxiliares. Citando o velho adágio: em time que está vencendo não se mexe!
Nos corredores palacianos, interlocutores do PP costumam dizer que a cota do PSDB foi estendida à presidência da Assembléia Legislativa, conquistada por Jardel Sebba, incluindo nesse mesmo tipo de espaço político a eleição do prefeito de Jussara, Joaquim de Castro, na Associação Goiana dos Municípios, ambos tucanos e umbilicalmente ligados ao senador Marconi Perillo. Para alguns progressistas, os dois devem pelo menos parte de suas vitórias à carta branca dada por Alcides. Outra indicação do PSDB é a de David Coutinho, na Juceg.
A senadora Lúcia Vânia também foi contemplada. Marcos Abrão, o novo presidente da Agência de Desenvolvimento Industrial, é do PSDB e seu sobrinho. Também teria indicado o secretário de Infra-Estrutura, René Pompêo de Pina, filiado ao PSDB e titular da Seinfra desde o primeiro dia da interinidade de Alcides, em 2006, René possui excelência técnica para o cargo e tem ainda a sua situação fortalecida pela família Lage, de Goianésia, e por seu antecessor na pasta, o deputado federal Leonardo Vilela.
Por sinal, como deputado mais votado do PSDB, Leonardo Vilela, da mesma forma que Balestra, ainda não emplacaram um nome que possa ser identificado como uma indicação exclusiva de seus grupos políticos. Já o deputado João Campos, outro tucano, tem na sua cota o secretário de Justiça, Edemundo Dias de Oliveira. A indicação de Raquel Teixeira para a Secretaria de Cidadania não é considerada como da cota do partido.
O afastamento da deputada tucana da Câmara teve como objetivo abrir espaço para o primeiro suplente do PR, Francisco Abreu, de Aparecida de Goiânia. A cúpula do PSDB, inclusive a regional, se sentiu traída, já que a troca de parlamentares agrada principalmente o governo Federal, tendo em vista que o PR integra a base aliada do presidente Lula. Além desta vaga na Câmara, o partido comandado pelo deputado Sandro Mabel e por Ademir Menezes tem ainda os cargos da vice-governadoria e da Secretaria de Cidades.
Outro pedaço robusto no governo Alcides é o do PTB. Sob a liderança do deputado Federal Jovair Arantes, o partido possui cargos cobiçados, como o da presidência da Saneago, com Nicomedes Borges, também fortalecido pelo prefeito de Itumbiara, José Gomes da Rocha; e da presidência da Agência Ambiental, com Evangevaldo Moreira dos Santos.
Ainda no campo dos partidos que possuem cargos federais, é preciso considerar a aproximação de Alcides com o grupo hegemônico dos Democratas (ex-PFL). Por mais que as conversas evoluam, ainda não foram identificadas condições concretas para que o senador Demóstenes Torres e o deputado federal Ronaldo Caiado possam indicar nomes para o primeiro escalão. Os dois democratas na Assembléia, Helio Sousa e Nilo Rezende, já trafegam na estrutura do governo há tempos.
Entre os partidos com desempenho intermediário nas últimas eleições, Alcides Rodrigues fez duas indicações para o primeiro escalão que são analisadas como plenamente satisfatórias. Para a Agência de Cultura, confirmou a presidente do PPS, Linda Monteiro e na Agência de Turismo, contemplou o presidente do PSB, Barbosa Neto, ex-governadoriável que apoiou o progressista nos primeiros instantes do segundo turno da eleição. Ambos os partidos não elegeram deputados federais, sendo que o PSB possui uma única vaga na Assembléia Legislativa, a da deputada Betinha Tejota.
O tabuleiro parece complexo, mas fica mais simples quando se colocam as peças na mesa (ou no papel) e se avaliam o peso de cada uma. Alcides pode passar à história como o governante que aplicou uma verdadeira lição de paciência às forças que se esforçaram ao limite para ajudar em sua vitória. Pode também somar uma lição de habilidade política se, ao final da montagem de seu governo, conseguir, de fato, satisfazer todos os interesses em jogo.