sábado, 3 de janeiro de 2015

Águas Lindas: o gigante pobre

Sérgio Luiz L. A. de Oliveira 

sllado.luiz@gmail.com
Bacharel em Ciência Política pelo UDF 

Pós-graduando em Gestão Pública Municipal pela UEG


Com um pouco mais de dezoito anos de emancipação, Águas Lindas de Goiás emerge no coração do Brasil como uma das maiores populações do estado de Goiás e do país. Segundo dados do IBGE, em 2010, o município era o sexto do estado em número de habitantes (177.890), atrás apenas de Goiânia (1.393.575), Aparecida de Goiânia (500.619), Anápolis (357.402), Rio Verde (197.048) e Luziânia (188.181); e conforme dados do PMAD 2013, realizado pela CODEPLAN, o município já se aproxima da marca dos 200 mil habitantes, ultrapassando Luziânia no ranking das maiores populações do estado. 

O grande crescimento populacional, no entanto, não foi acompanhado de igual desenvolvimento econômico, social e de sua infraestrutura. Em 2010, seu Produto Interno Bruto (PIB) de um pouco mais de 800 milhões, fizeram o município figurar em 20º lugar no ranking dos municípios do estado segundo o PIB; muito atrás das primeiras populações: Goiânia, primeiro do ranking com PIB de 27,6 bi; Anápolis, na segunda posição, com PIB de 12 bi; Aparecida de Goiânia, terceiro no ranking, com PIB de 6,2 bi; Rio Verde, quarto no ranking, com PIB de 5,5 bi; e Luziânia, que figura na nona posição no ranking, com PIB de 2,1 bi. 
Outro indicador utilizado para aferir o grau de desenvolvimento local é a renda per capita. Considerando esse indicador, o município figura na última posição do estado, com PIB per capita de 4.957 reais por pessoa, representando muito distante da média do PIB per capita dos municípios goianos, que é de 20.415 reais por pessoa; ficando muito atrás das primeiras populações do estado: Goiânia (20.990 reais por pessoa); Aparecida de Goiânia (13.538 reais por pessoa); Anápolis (35.798 reais por pessoa); Rio Verde (30.527 reais por pessoa) e Luziânia (11.927 reais por pessoa).
Atrelado a esses índices, registra-se o fato de o município ser muito dependente dos recursos de transferência dos governos federal e estadual, uma vez que a arrecadação própria é incipiente. Segundo dados do Tesouro Nacional para 2007, as receitas próprias correspondiam a 14% do total das receitas do município. Os outros 86% eram compostos por recursos provenientes de transferências. 
Nesse aspecto, é importante destacar também as discrepâncias das receitas das maiores populações do estado. Segundo dados do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM/GO), as receitas acumuladas de janeiro a novembro de 2013 do poder executivo de Águas Lindas somaram 92,8 milhões de reais; muito aquém dos valores relativos ao poder executivo dos maiores do estado para o mesmo período: Goiânia (R$ 1,62 bilhão); Aparecida de Goiânia (R$ 405,6 milhões); Anápolis (R$ 413,2 milhões); Rio Verde (R$ 277,2 milhões); e Luziânia (R$ 191,5 milhões). 
Se considerarmos a divisão da receita pública do executivo desses municípios pelo número de sua população, veremos que a discrepância é ainda maior. Nessa perspectiva, Águas Lindas figura na última posição, com R$ 521,75 por habitante. Muito atrás dos maiores do estado: Goiânia, com R$ 1.168,00 por habitante; Aparecida de Goiânia, com R$ 810,23 por habitante; Anápolis, com R$ 1.156,32 por habitante; Rio Verde, com R$ 1.407,23 por habitante; Luziânia R$ 1017,88 por habitante. 
Dessa forma, observa-se no município uma situação contraditória: é um dos maiores, em número de habitantes, mas um dos mais pobres do estado. Essa condição de pobreza, por sua vez, afeta a qualidade de vida da população e dos programas sociais que dependem de recursos diretamente arrecadados pelo poder local. Enfim, trata-se de gigante pobre que precisa, a todo custo, desenvolver-se social e economicamente, tornar-se robusto e romper barreiras. Força para isso o gigante tem.



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