quarta-feira, 27 de abril de 2011

Entorno vê planos para a construção de dois presídios ameaçados Projetos para a construção de presídios em Águas Lindas e Novo Gama devem ser entregues até sexta-feira para que verba seja liberada. Mas agência responsável pelas obras pretende erguer quatro unidades, inviabilizando a aplicação dos recursos



O estado de Goiás tem somente até esta sexta-feira para entregar ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, e à Caixa Econômica Federal projetos referentes à construção de dois presídios no Entorno do Distrito Federal, nas cidades de Águas Lindas de Goiás e Novo Gama. Caso contrário, o recurso de aproximadamente R$ 52 milhões — R$ 40 milhões via Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Governo Federal, e R$ 12 milhões provenientes do estado de Goiás — corre o risco de não ser empregado.
Representantes da Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep), responsável pela obra, sinalizam que a documentação será entregue amanhã. Contudo, em vez de dois projetos, serão oferecidos quatro. A ideia é usar o valor autorizado para a construção de mais duas unidades prisionais, além das previstas. O único detalhe é que elas serão fora do Entorno do DF: nas cidades de Aparecida de Goiânia e Anápolis.
Segundo o presidente da Agsep, Edilson de Brito, existe um ofício do Departamento Penitenciário Nacional autorizando a mudança do modelo construtivo. “Além de termos esse documento, realizamos várias reuniões com representantes do Depen. Esse novo modelo será mais eficiente, mais em conta. Queremos usar melhor o dinheiro público, otimizar os recursos. Com isso, vamos amenizar um grande problema, que é a superlotação. Anápolis tem a pior situação do estado nesse sentido”, reforçou.
O projeto original previa a criação de 842 vagas nos presídios de Águas Lindas de Goiás e Novo Gama. Agora, a ideia da Agência é diminuir a oferta no Entorno, passando esse número para 600 — 300 em cada unidade. Em contrapartida, seriam criadas acomodações a mais nas demais cidades contempladas, chegando a um total de 1,2 mil vagas nos quatro presídios. “Se tudo der certo, vamos vencer a parte burocrática nesse semestre, com início das obras em agosto e encerramento no fim deste ano”, acrescentou Brito.

Desvio de finalidade

O Ministério Público de Goiás pretende questionar o ofício caso os quatro projetos sejam efetivamente entregues. “Nesse caso, pode-se alegar desvio de finalidade da verba. Afinal, eles vão usar o dinheiro que deveria ser aplicado no Entorno e injetar em outras cidades do estado. Não somos contra a construção de novos presídios nas demais regiões goianas, muito pelo contrário. Acontece que deveriam pleitear mais recursos no Ministério da Justiça”, explicou o promotor de Justiça Luís Guilherme Martinhão Gimenes, coordenador do Projeto do Entorno. Metade do valor disponibilizado a Goiás pelo Governo Federal foi repassado pelo Ministério da Justiça em 2008 e a outra metade, em 2009.
No fim do ano passado, o Estado firmou Termo de Ajustamento de Conduta com o MP. O acordo previa, entre outros compromissos, a entrega dos projetos de engenharia das penitenciárias ao órgão até 29 de março — o que não aconteceu. “Vamos executar o TAC, pois passado o prazo fixado a Justiça determina que Goiás pague multa de R$ 5 mil por dia de atraso. O dinheiro vai então para o fundo penitenciário estadual. Eles já estão inadimplentes”, reforçou Gimenes. O presidente da Agsep, Edilson de Brito, acredita que o Termo de Ajustamento de Conduta firmado com o MP precisa ser revisto.

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